sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Olavo Bilac


Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!

Sonho ... Minha Alma voa. O ar gorjeia e soluça.
Noite ... A amplidão se estende, iluminada e calma:
De cada estrela de ouro um anjo debruça,
E abre o olhar espantado, ao ver passar minha alma.

Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado.
Em torno de cada ninho ainda bailando uma asa.
E, como sobre um leito um alvo cortinado,
Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa.

Porém, subitamente, um relâmpago corta
Todo o espaço ... O rumor de um salmo se levanta
E sorrindo, serena, apareces à porta,
Como numa moldura a imagem de uma Santa...