quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

De tanto Amar


Deixei de ouvir os sons do arrebol,
E o aroma das flores de apreciar,
De curtir áureos tons do pôr-do-sol,
Deixei.
Por ti deixei... de tanto amar.
Olvidei de tanta crença, sonhos tantos,
Que me afastei de muita paixão antiga:
Leituras, preces, meditação, seus encantos,
Além da poesia –
companheira e sempre amiga...
E se, de tanto amar, a tanto renunciei,
Quero crer que posso hoje, sem amarras, comentar
O sonho equivocado de que enfim eu despertei,
Sufocante, egoísta e sedutor...
de tanto amar.
Mas, no ciclo das paixões a mover-se novamente,
É inútil prevenir-me desta vã constatação:
Que razão e emoção são um misto incoerente,
Traduzido em amor... desvario... excitação...
Pois agora a consciência,
prudentemente, me diz
O mesmo que o coração insiste em me revelar:
Que de novo livre estou, pra ser ou não-ser feliz,
Ou, para mais uma vez, me esvair... de tanto amar.