quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Falando do Amor



E quando o amor chegar, siga-o, não o deixe escapar.
Mesmo que seus caminhos sejam árduos e espinhosos, siga-o.
Quando ele envolvê-lo em seus braços, ceda, não resista, mesmo que ele possa feri-lo.
Quando ele lhe falar, acredite, mesmo que por vezes sua voz possa despedaçar seus sonhos, como o vento às vezes devasta o lindo jardim florido.
Pois o amor, da mesma forma que coroa, em muitas ocasiões crucifica.
Da mesma forma que ele nos faz crescer, também nos poda.
Da mesma forma que ele busca e acaricia nossos sentimentos mais tenros, que se embalam ao sol da vida, também desce até aqueles sentimentos mais íntimos, até nossas raízes, e os sacode.
O Amor se aperta, se gruda em nosso coração.
Ele expõe toda nossa nudez.
Ele nos peneira, nos balança, nos mói, nos amassa.
Ele nos leva ao fogo sagrado do divino querer.
Tudo isso ele nos proporciona para que conheçamos os segredos de nossos corações e de nossas almas.
O Amor nada dá senão o que de si próprio deseja e nada recebe senão o que assim quiser.
O Amor não possui e não se deixa possuir.
O Amor não oprime e não se deixa oprimir.
O Amor basta-se a si próprio.
E quando amamos, certamente, estaremos alcançando a divindade de "estarmos no coração de Deus", pois ele nos deu esse sentimento que levamos por toda a nossa existência.
Nunca devemos imaginar dirigir o curso do Amor, pois o Amor, se nos achar dignos determinará ele próprio o seu curso e, consequentemente, o nosso.
O desejo do Amor é atingir a sua plenitude, se, porém, amarmos e precisarmos dos desejos, que sejam estes:
-- De nos diluirmos no amor e sermos como o riacho que canta sua melodia para a noite;
-- De conhecermos a dor de sentir ternura de forma demasiada;
-- De nos ferirmos com a nossa compreensão do Amor;
-- De acordarmos na madrugada com o coração envolto no Amor, agradecendo por um novo dia pleno de amor;
-- De ao descansarmos, meditarmos sobre o êxtase do Amor;
-- E ao voltarmos para casa a noite, que adormeçamos com uma prece no coração, para a bem-amada e nos lábios, uma canção de bem-querência.
Adaptação de um texto de Gibran Khalil Gibran