sábado, 2 de fevereiro de 2008

ESQUECIDA BELEZA


Ao apertar-te nos meus braços aperto

O meu coração contra essa beleza

Que há muito desapareceu do mundo;

As coroas de jóias que reis lançaram

Aos charcos sombrios, quando os exércitos debandaram;

As histórias de amor tecidas com fios de seda

Por sonhadoras damas em telas

Que nutriram a traça assassina;

Rosas de outrora

Que nos seus cabelos as damas entreteceram,

Lírios frescos de orvalho que as damas levavam

Por tanto corredor sagrado

Onde tais nuvens de incenso se elevavam

Que somente Deus não fechava os olhos:

Porque esse pálido peito e a mão indolente

Chegam de uma terra mais sonhadora,

De uma hora mais sonhadora do que esta;

E no teu suspirar entre beijos

Ouço a branca Beleza que também suspira,

Durante horas em que tudo deve consumir-se como o orvalho;

Mas chama sobre chama, abismo sobre abismo,

Trono sobre trono no meio do sono,

Pousadas as suas espadas sobre os joelhos de ferro,

Meditam nos seus altos mistérios solitários.

**William Butler Yeats