sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

MÁRIO DE ANDRADE


Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
Aceitarás o amor como eu o encaro ?......
Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.
Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada.
Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.
Que grandeza...
a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições.
O encanto
Que nasce das adorações serenas.